"Oráculo de Delphos."
Na Grécia antiga existia um grande templo situado em Delphos, um lugar onde os filósofos, reis, pessoas comuns se dirigiam para consultar as Pitonisas, sacerdotisas que interpretavam a palavra dos deuses, na busca de respostas às questões da sua existência e do destino, por isso este local era conhecido como Oráculo. Na entrada do templo era possível ler uma inscrição atribuída aos sete sábios: “Ó Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. Simbolicamente, podemos dizer que estamos na entrada deste templo, só que as interpretações e a chave para abri-lo está dentro de cada um de nós, sem Pitonisas ou Quiromantes para dar as respostas que compete a nós encontrarmos, iniciando o processo subjetivo do autoconhecimento.
É em Sócrates, o grande filósofo da antiguidade, que encontramos o sentido da inscrição: “conhece-te a ti mesmo”. Enquanto os Filósofos antes dele estavam preocupados em encontrar os fundamentos de todas as coisas, Sócrates está interessado na compreensão das nossas relações com os outros e com o mundo, a intra-relação (relação consigo mesmo) e a inter-relação (relação com os outros).
Sócrates nos convida a nos ocuparmos menos com as coisas: riquezas, fama, poder, etc., e nos ocuparmos mais com nós mesmos, porque este é o caminho da verdade, do equilíbrio, da segurança, etc., é essa ação capaz de promover nosso autoconhecimento. Conhecer a nós mesmos para saber como transformar nossas relações em algo construtivo.
É fato: ninguém foge de si mesmo. Como a pessoa se vê, vai depender dos afetos que tem por si mesma. Às vezes, o que é chamado de doença é um sofrimento de não se conhecer, a pessoa não avalia a própria noção de si. O indivíduo conhecendo seus próprios recursos irá funcionar melhor e com isso avaliará as situações do cotidiano de uma forma mais tranquila, dando conta dos problemas, das ansiedades, das adversidades, ou seja, a forma de vivenciar essas situações terá um equilíbrio.
O autoconhecimento não é um produto intelectual, pois, a pessoa pode ter as funções cognitivas preservadas e não dar conta das emocionais. É na prática acompanhada de uma reflexão constante das nossas ações e atitudes e como modificá-las para nos tornarmos uma pessoa melhor. É como uma criação, momento a momento nos aperfeiçoando rumo a uma relativa autonomia.
O “conhecer-te a ti mesmo”, na inscrição do Oráculo de Delfos, onde Sócrates foi eleito o mais sábio, é uma advertência para que as pessoas reconheçam os limites da dimensão humana, não ser mais do que seja possível naquele momento, cabendo as pessoas respeitarem esses limites para que se obtenha uma melhor qualidade de vida. Tudo é atravessado pela subjetividade, por isso, a realidade é psíquica. Neste sentido, nos cabe termos mais independência nos julgamentos dos outros, das fantasias de condenadores, pois todos julgam, mas cabe a nós termos a independência de ver se esse julgamento é bom ou não serve para nós.
Aquele que se conhece sabe quais os recursos pode utilizar para o desempenho das tarefas e funções que surgem a sua frente, obtendo mais segurança ele confia mais, vive melhor, se não confia vive mais medroso, sem autonomia. Na compreensão de si mesmo o indivíduo obtém dignidade, enriquecendo-se de entusiasmo a cada conquista. Reconhece que a saúde mental não é não ter problemas, frustrações, é saber que tem e aprender a viver com eles, sabe que toda solução vai requerer adaptações, necessidades e novos recursos e que não existe apenas uma solução boa, mas várias.
O autoconhecimento nos dá possibilidades de criarmos aberturas para novas habilidades, novas percepções de nós mesmos, criando mais plasticidade, experimentando assim a realização pessoal.
Autor: Edgard Badari Jr.
http://edgardbadari.blogspot.com/2011/12/autoconhecimento-edgard-badari-jr.html
DEMAIS, NÃO É?
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