Agigante-se! por Teresa Cristina Pascotto

Por conta de nossos potenciais destrutivos e de nossas tendências aos excessos, precisamos, ao longo de nossa vida, passar por várias situações em que fomos ameaçados e intimidados, para que fôssemos freados nos excessos destrutivos, para que pudéssemos respeitar o mundo e sairmos da tendência à prepotência e pretensão de nos acharmos deuses poderosos. Todos nós, cada um à sua maneira, precisamos passar por essas interdições, na intenção de nos lapidarmos em nossos potenciais.
Tudo isso nos conduziu a entrar em contato com o medo, que acabou tomando conta de nossa vida interior, fazendo com que o "gigante destrutivo" em nós fosse colocado em seu devido lugar, trancado e limitado. Ao longo do tempo, fomos nos encolhendo e nos escondendo pelo medo da vida. Apequenamo-nos e nos acovardamos tanto, que passamos a temer toda e qualquer figura ou símbolo de autoridade que nos remetesse à lembrança dos momentos em que sentimos muito medo de alguém (ou algo) que se agigantou diante de nós, nos fazendo paralisar de medo.
Tudo isso foi adequado, pois precisamos ter noção de perigo e de respeito ao próximo, mas no excesso isso nos levou a nos encolhermos tanto, que nos dias atuais, por mais que façamos o estilo "bravo/poderoso", para tentarmos nos defender do mundo, no fundo sabemos que não passamos de crianças assustadas e escondidas num "cantinho qualquer" (neste caso, numa realidade paralela, desconectados da realidade).
Aquele gigante destrutivo dentro de nós, depois de tanto tempo encolhido, aprendeu a lição do respeito e dos limites saudáveis. Porém, sem essa defesa preciosa, a parte de nós que se apequenou diante da vida e dos seus perigos, se anulou tanto, que não temos a mínima força de enfrentarmos situações simples, pois sempre nos parecem extremamente ameaçadoras. De gigantes furiosos querendo ter o mundo em nossas mãos, passamos a "formigas medrosas", temendo qualquer força contrária à nossa expressão natural.

 

De uma polaridade passamos à outra. Mas agora chega! Agora estamos prontos para nos erguermos novamente, para sairmos da sensação "pequenos insignificantes" e assumirmos o nosso poder pessoal.
Porém, para conseguirmos esse equilíbrio precisaremos de recursos que nossas crenças internas não nos permitem utilizar, precisaremos despertar e libertar o gigante destrutivo, para que ele possa se erguer e o resgatar o "pequeno insignificante", que está escondido feito criança. Para começarmos a enfrentar a vida, com respeito ao mundo, mas também, com respeito a nós mesmos, precisaremos desse único recurso imediato que temos à nossa disposição. Ainda não aprendermos a ser alguém equilibrado que sabe dosar suas forças internas, usando-as com sabedoria, sabendo que todos os conteúdos negativos em nós são apenas forças e ferramentas que, se usadas com discernimento, podem nos colocar firmes diante da vida, protegendo nosso lado luz, no cumprimento de nossa missão de vida. Já conseguimos compreender esse belo conceito, que estamos nos habituando a aceitar, mas ainda não conseguimos VIVER dessa forma, utilizando nossa luz e nossa sombra em parceria para vivermos dentro da dualidade.
Portanto, enquanto ainda não sabemos como fazer "direito", e para não continuarmos a nos apequenar diante da vida, nos mantendo covardes, vamos ter que fazer do jeito que for possível, mesmo que esse seja um jeito "torto" de fazer. O que quero dizer é que o gigante destrutivo que trancamos, não foi educado devidamente, ele só entendeu que ele não é Deus e que a vida tem o poder de interditá-lo em seus excessos, mas esse gigante está louco de vontade de se libertar e se manifestar e, intuitivamente, temos medo de que ele venha com tudo e faça estragos com seu desejo de vingança.

Acontece que, como sempre, quando temos consciência do que está oculto em nós, as forças ocultas perdem o poder. Ou seja, enquanto o gigante está trancado e fingimos que ele não existe em nós, ele sempre dá umas escapadinhas e apronta por aí e, depois, caímos na culpa e voltamos a trancá-lo e a nos encolhermos novamente. Mas quando há consciência e quando entendemos que o gigante só é destrutivo porque não foi educado, começamos a ter poder sobre ele e podemos então utilizá-lo com sabedoria, reconhecendo sua presença e reconhecendo que ele só se tornou destrutivo porque não foi amorosamente acolhido, compreendido e orientado. Ao ser olhado dessa forma por nós, o gigante destrutivo, começa a deixar de ser tão destrutivo. Entendemos que ele é um grande recurso que temos à nossa disposição, para nos firmarmos na vida e para não termos mais que nos apequenar diante de pessoas ou situações ameaçadoras. No início, poderemos errar "na dose" e poderemos abusar dessa força fazendo algum mal a alguém (não necessariamente um mal físico). Mesmo que isto ocorra, estará "tudo certo", pois muitas vezes essa pessoa precisava ser interditada em seus excessos e a força do nosso gigante somente a fez voltar para o equilíbrio. Mas não devemos usar isso como justificativa para sairmos "matando" por aí. Tudo é uma questão de consciência, discernimento e sabedoria que carregamos dentro de nós e só não utilizamos porque o ego não quer. Porém, basta que tenhamos esse empenho em assumirmos nosso poder pessoal, para despertarmos o gigante em nós para que ele nos sirva -e não o contrário-, para que então possamos de verdade nos agigantar diante da vida, mas agora, num sentido saudável.

O gigante, que ainda é destrutivo, sentindo-se reconhecido e aceito por nós, se sentirá mais satisfeito e fará de tudo para "nos agradar" e irá salvar e resgatar o "pequeno insignificante" em nós, trazendo-o de volta à vida, para que juntos, gigante e pequeno, possam pisar firme na vida, numa comunhão, onde um dá limite e equilíbrio ao outro, enfrentando os desafios, perigos e dificuldades, sem sair destruindo e sem se deixar destruir. É aqui que está o equilíbrio.
Portanto, vivermos nos apequenando e nos escondendo da vida, para nos fazermos de bonzinhos perante os "olhos de Deus", nada nos ajudará a fazer o que nossa alma deseja. Somente quando nos agigantamos, assumindo a responsabilidade plena e consciente de tudo o que viermos a fazer, é que poderemos começar a acertar o passo, adentrando verdadeiramente o caminho que nossa alma já traçou e que já existe energeticamente, como um holograma com tudo pronto e estabelecido em frequências elevadas. Enquanto formos gigantes destrutivos, a vida nos interditará. Enquanto formos pequenos insignificantes, a vida nos desprezará. Assim, não nos resta outra opção a não ser expormos toda a nossa realidade interior, sem reservas, sem máscaras, mesmo que isso nos leve a sermos julgados e criticados pelos outros.
Deveremos respeitar o mundo, mas não deveremos baixar a cabeça para sermos aquilo que esperam que sejamos. Então, deveremos nos agigantar, para assumirmos a postura de nosso Eu Superior que, este sim, é nosso verdadeiro gigante, sábio e amoroso.

No Response to "Agigante-se! por Teresa Cristina Pascotto"

Postar um comentário

 
powered by Blogger