O IMPACTO DO (BOM) HUMOR SOBRE O ESTRESSE E A SAÚDE


Não fumar, alimentar-se equilibradamente, evitar carnes vermelhas e gordurosas, praticar exercícios físicos regularmente, dormir número satisfatório de horas, ter a vida regrada, não cometer exageros e excessos, e outras tantas recomendações espartanas já está provado: talvez você não viva mais, mas sua vida vai parecer uma eternidade.
Essa brincadeira sugere, singelamente, que as atitudes necessárias para um modo de vida politicamente correto, podem ser medidas que fazem viver mais, mas nem sempre, melhor. Viver mais, não significa viver melhor, automaticamente, ou seja, quantidade não é sinônimo de qualidade.
Há alguns anos, afirmar que existia uma vinculação direta entre o humor e a boa saúde era quase uma heresia para a ciência. Hoje em dia, a medicina em geral e a psiquiatria, em particular, estudam muito a importância do bom humor, dos bons sentimentos e da afetividade sadia na qualidade de vida e na saúde global da pessoa. Sobretudo, na prevenção de doenças e como fator de melhor recuperação de moléstias graves, entre as quais o câncer .
Patch Adams é o nome de um filme, protagonizado por Robin Williams, que conta a história de um estudante de medicina esforçado, de todas as maneiras possíveis, em mostrar a importância de humanizar a profissão médica, bem como a importância do humor como meio para atingir o bem-estar dos doente.
Afortunadamente, parece que hoje, salvo infelizes exceções, já não existe dúvida nenhuma sobre a relação que existe entre o estresse, seja ele físico ou emocional, e a saúde orgânica, incluindo o funcionamento do sistema imunológico e o desenvolvimento de alguns tipos de câncer.
Da pesquisa dessas questões, dedica-se uma parte bastante nova da medicina que é a psiconeuroimunologia, ou seja, o estudo da maneira pela qual as emoções influem no sistema imunológico das pessoas. É o estudo dos mecanismos de interação e comunicação entre a mente e os três sistemas responsáveis de manter o organismo equilibrado: o sistema nervoso, o imune e o endócrino.
A comunicação entre esses três sistemas se produz através de substâncias químicas geradas por eles, como os hormônios, os neurotransmissores e as citoquinas. Segundo as descobertas, os acontecimentos estressantes processados através da cognição da pessoa, ou seja, através do sistema de crenças e valores próprio de cada indivíduo, podem originar sentimentos negativos de cólera, raiva, depressão, falta de defesas e desesperança. As pessoas com esses sentimentos são consideradas possuidoras de índice emocional negativo.
As investigações sobre as contribuições do bom humor para a saúde são mais recentes e menos numerosas que os estudos sobre os efeitos danosos da tristeza, da angústia e da raiva .
Um recente estudo sobre a atividade das células tipo “natural Killer”, importantes na imunidade contra tumores, mostrou os efeitos de programas que estimulam o riso e o bom humor no aumento da atividade desses componentes imunológicos, ao mesmo tempo em que os estados depressivos enfraqueciam esse aspecto da defesa orgânica (Takahashi, 2001).
Nesse sentido, Berk e colaboradores (2001) também puderam estudar a modulação neuroimunológica durante e depois de pacientes serem sido submetidos a programas associados ao bom humor e ao riso. Concluíram que o riso e o bom humor podem ter efeitos benéficos na saúde, recomendando esse tipo alternativo de terapia para melhora do bem estar e como coadjuvante ao tratamento médico formal.
Os efeitos do bom humor sobre a saúde física são tão evidentes que uma boa e sincera risada pode ter a importância de uma sessão de ginástica. Na psicossomática a medicina se preocupou, até agora, em mostrar os mesmos resultados de maneira inversa, ou seja, mostrando as relações entre determinadas emoções e a ocorrência de doenças cardíacas .
Na década de 1940, Flanders Dumbar já descrevia algumas características de humor e comportamento do paciente coronariano. Dizia que existia, entre os pacientes coronarianos, grande número de pessoas compulsivas, com tendência ao trabalho contínuo, hiperativos, que desprezavam as férias e não dividiam responsabilidades, além de negarem estar eventualmente emocionadas ou depressivas.
Essa foi, talvez, a primeira observação para a futura classificação e denominação da chamada Personalidade Tipo A, a qual se relacionaria à maior propensão para o infarto do miocárdio .
Abaixo, as características da Personalidade Tipo A, com asteriscos nos traços compatíveis com o mau humor.

CARACTERÍSTICAS DE COMPORTAMENTO NO TIPO A DE PERSONALIDADE
1. Tendência para procurar atingir metas não bem definidas ou muito altas;
2. Acentuada impulsão para competir;
3. Desejo contínuo de ser reconhecido e de progredir;
4. Envolvimento em múltiplas funções;
5. Falta de tempo para terminar alguns empreendimentos;
6. Preocupação física e mental*;
7. Incapacidade de relaxamento satisfatório, mesmo em épocas de folga*;
8. Insatisfação crônica com as realizações*;
9. Grau de ambição está sempre acima do que obtém;
10. Movimentos rápidos do corpo;
11. Tensão facial;
12. Entonação emotiva e explosiva na conversação normal*;
13. Mãos e dentes quase sempre apertados.
Além disso, a Personalidade Tipo A parece ser um complexo ação/emoção caracterizado por uma luta contínua, crônica e incessante na tentativa de atingir mais em menos tempo, abrigando uma hostilidade dissimulada e constante. Há na Personalidade Tipo A uma hostilidade manifesta ou dissimulada, alto grau de aborrecimento, irritação, rancor e impaciência, sentimentos que podem ser considerados índice emocional negativo (veja abaixo).
Assim como o cardiologista mais sensível detecta a Personalidade Tipo A associada à doença das coronárias, também os oncologistas, com as mesmas qualidades holísticas, conceituam e delineiam uma Personalidade Tipo C, onde o risco maior seria para o câncer.
Neste tipo de personalidade haveria traços proeminentes de negação das experiências mais traumáticas, supressão das emoções e tendência à raiva. Outras características deste padrão personal seria amabilidade excessiva, porém, às vezes contrariada, não reconhecimento dos conflitos, aspiração social exagerada, comportamento forçosamente harmonioso, paciência desmedida mas dissimulada, racionalidade contundente e um rígido controle da expressão emocional. Essas pessoas costumam são verdadeiras pseudo-bem-humoradas.
Os pesquisadores consideram, para a Personalidade Tipo C, que o uso excessivo da negação e da repressão (mecanismos de defesa), bem como a dissimulação dos sentimentos são importantes fatores ligados ao desenvolvimento tumoral. Para essa forma e estilo de reagir à vida, os estressores psicossociais estariam associados à diminuição da imuno-competência orgânica e, conseqüente à essa alteração, ao desenvolvimento do câncer. Também o risco de metástases de um câncer já tratado estaria significativamente influenciado pela reação da Personalidade Tipo C com o tipo e a duração dos estressores psicossociais (Baltrusch, Stangel e Titze, 1991).
Mas, quando se fala em risos e risadas não estamos falando da pessoa que conta anedotas, que ri a toa. Às vezes um comportamento assim pode ser uma exigência profissional ou uma conveniência social. O bom humor, na realidade, diz respeito a rir-se das coisas em geral, das incongruências do cotidiano, da comédia da vida diária, das brigas, dos pequenos problemas do dia-a-dia e, até mesmo, dos tempos difíceis que passamos.
Fazer “piadinhas” de tudo é muito mais eficiente que assistir a um show de humorismo sofisticado, para o qual tenhamos que disputar a vaga do estacionamento aos berros. Trata-se de levar a vida forma mais leve, mesmo diante de um trabalho mais sério, trata-se de rir mais e com maior frequência do que de costume.
http://gballone.sites.uol.com.br/psicossomatica/bomhumor.html

Só nos resta rir… ou como dizem: “Rir é o melhor remédio!”

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